Fórum sobre Género e Alterações Climáticas promove reflexão sobre justiça climática e equidade em Cabo Verde 

O Fórum sobre Género e Mudanças Climáticas decorreu nos dias 8 e 9 de julho de 2025, na cidade da Praia. O evento foi promovido pelo Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade de Género (ICIEG), em parceria com o Programa de Ação Climática, implementado pelo Ministério da Agricultura e do Ambiente e apoiado pela Cooperação Luxemburguesa. Reuniu representantes de instituições públicas, do meio académico, de organizações da sociedade civil e de parceiros internacionais para um diálogo aberto e crítico sobre os desafios e oportunidades da integração das perspetivas de género nas políticas e ações relacionadas com as mudanças climáticas em Cabo Verde. 

Ao longo de dois dias, o Fórum afirmou-se como um espaço significativo para a partilha de experiências e melhores práticas entre setores, reforçando a necessidade de uma abordagem intersetorial e participativa. Os principais temas abordados incluíram educação, saúde, água e saneamento, energia, proteção civil, envolvimento dos jovens e sociedade civil organizada. As discussões demonstraram como a integração da igualdade de género pode levar a respostas climáticas mais inclusivas, eficazes e sustentáveis. Foi enfatizado que as mudanças climáticas afetam mulheres e homens de forma diferente e que as políticas públicas devem refletir essa realidade, desde a sua conceção até à sua implementação. 

Um dos destaques do Fórum foi a apresentação pública do Estudo Nacional sobre Género e Mudanças Climáticas em Cabo Verde, desenvolvido com o apoio técnico do Programa de Ação Climática e da Cooperação Luxemburguesa. O estudo é um marco significativo, identificando os principais obstáculos, os progressos alcançados e as oportunidades para promover uma ação climática mais justa e sensível às questões de género no país. A apresentação das conclusões e recomendações abriu espaço para um debate construtivo entre instituições públicas, academia e organizações da sociedade civil, contribuindo para uma base empírica para o desenvolvimento de políticas futuras. 

O Fórum também destacou a relevância de ferramentas como orçamentos sensíveis ao género, dados desagregados e sistemas de monitorização focados na equidade, que são essenciais para a eficácia das políticas públicas. As discussões sobre governança e mecanismos de financiamento demonstraram que integrar o género na ação climática não é apenas uma questão de justiça social, mas também de impacto e eficiência. 

O evento foi encerrado com uma palestra académica refletindo sobre os desafios e oportunidades da integração do género na ação climática, reafirmando que a justiça climática está intrinsecamente ligada à justiça de género. As considerações finais das instituições organizadoras destacaram um compromisso comum com a colaboração contínua, o desenvolvimento de capacidades e um alinhamento mais forte entre as agendas de políticas públicas. 

Este fórum marcou mais um passo importante na parceria contínua entre o ICIEG, o Programa de Ação Climática e a Cooperação Luxemburguesa, deixando claro que a construção de uma transição climática justa e transformadora requer ação coletiva, liderança inclusiva e uma visão baseada em evidências, equidade e resiliência. Num contexto particularmente vulnerável como o de Cabo Verde, iniciativas como esta são fundamentais para garantir que ninguém seja deixado para trás na resposta às mudanças climáticas. 

Autoria

Nuno Ribeiro
Programa Ação Climática 

Partilhar