Tendência climática alarmante: o aumento das temperaturas médias anuais ultrapassou os 1.5ºC, pela primeira vez

Pela primeira vez na história, as temperaturas globais anuais excederam a marca de 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais, conforme revelado pelo serviço climático da União Europeia. Essa ultrapassagem representa um marco significativo, já que líderes mundiais se haviam comprometido, em 2015, a limitar o aumento da temperatura a longo prazo a 1,5 ºC para evitar os impactos mais severos das mudanças climáticas.

Embora essa violação não invalide os objetivos estabelecidos no “Acordo de Paris”, destaca a urgência de tomar medidas mais decisivas para conter o aquecimento global. Especialistas alertam que ações urgentes são necessárias para reduzir as emissões de carbono e retardar o ritmo do aquecimento.

A professora Liz Bentley, executiva-chefe da Royal Meteorological Society do Reino Unido, enfatiza a importância deste evento, referindo-se a ele como “mais um passo na direção errada”. No entanto, ela ressalta que ainda há tempo para agir e reverter a tendência.

Limitar o aquecimento global a 1,5 ºC é crucial, como destacado por um relatório da ONU em 2018, que identificou os riscos substancialmente maiores associados a um aquecimento de 2 ºC. No entanto, apesar dos esforços para conter as emissões de carbono, as temperaturas continuam a subir a um ritmo alarmante, como evidenciado pelos dados do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus da União Europeia.

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Um fator contribuinte para esse aumento é o fenómeno climático natural conhecido como El Niño, que impulsionou ainda mais as temperaturas do ar. Embora o El Niño tenha um impacto temporário, a tendência de aquecimento a longo prazo é predominantemente impulsionada pelas atividades humanas, especialmente a queima de combustíveis fósseis.

Os cientistas advertem que o mundo está a entrar num período de temperatura mais alta do que em qualquer momento registado na história moderna. Enquanto isso, as temperaturas oceânicas atingiram níveis sem precedentes, indicando uma preocupante tendência de aquecimento em todo o sistema climático.

Embora os desafios sejam significativos, os especialistas enfatizam que ainda há esperança. Avanços em tecnologias verdes, como energias renováveis e veículos elétricos, oferecem oportunidades para mitigar o aquecimento futuro. No entanto, medidas urgentes são necessárias para reduzir as emissões de carbono e evitar os piores cenários das mudanças climáticas.

“Isso significa que podemos, em última análise, controlar o nível de aquecimento que o mundo experimenta, com base nas nossas escolhas como sociedade e como planeta”, diz Zeke Hausfather, cientista climático do grupo norte-americano Berkeley Earth

Fonte: Climatempo e Globo

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