Newsletter 7 l Abril 2025 l Inês Mourão

Ciência, transparência, governança e ação local climáticas

O mundo assumiu limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC face aos níveis pré-industriais. Mas como sabemos se o esforço coletivo dos países está a ser suficiente? O que é a transparência climática? O que está a ser feito ao nível do governo e da ação local para implementar a Contribuição Nacionalmente Determinada? E qual é o papel da juventude nesta história que agora se escreve? Olhando para a interseção entre clima e género, consultando a edição do IMC sobre ambiente e clima e embarcando no navio científico mais avançando do mundo, ficamos a saber mais neste sétimo numero da newsletter do Portal do Clima de Cabo Verde.

Cada vez ouvimos falar mais de transparência. Transparência das contas públicas, transparência da gestão, transparência do mar, transparência na recolha de dados, transparência climática.

O Acordo de Paris instituiu o Quadro de Transparência, que é suportado por um conjunto de modalidades, procedimentos e diretrizes que permitem que todas as Partes que o assinaram relatem o progresso na implementação da sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) – o documento orientador de toda a ação climática nacional tanto em termos de mitigação (redução das emissões de gases com efeito de estufa) como de adaptação (criação de resiliência climática), de forma comparável para que possa ser avaliado o progresso conjunto na limitação do aumento de temperatura global a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.

Esse relato é feito no Relatório Bienal de Transparência (BTR) e Cabo Verde está a cumprir com as suas obrigações tendo recentemente iniciado o processo de elaboração do mesmo com vista à sua submissão ainda este ano.

Mais que isso, nesta newsletter abordamos a interseção entre género e clima, os resultados da primeira reunião do Conselho Interministerial para a Ação Climática, presidido pelo Primeiro-Ministro, e começamos também a falar de ação climática local trazendo exemplos de Mosteiros e de Ribeira Brava, onde abordamos temas como a pesca sustentável e o combate a incêndios florestais, respetivamente.

Quase a chegar ao fim, passamos pelo Inquérito Multi-objetivo Contínuo, o IMC, que é elaborado pelo INE e que tem um capítulo sobre ambiente e mudanças climáticas, mostrando os impactos que as mudanças climáticas estão a ter nos agregados familiares cabo-verdianos, incluindo pela bruma seca, secas, e calor, por exemplo.

Mas esta newsletter também nos leva mais longe e o nosso destaque vai para o artigo “A Léguas da Superfície: Ciência, Sonho e Submersão”. Para tal, vamos a bordo do navio de investigação oceanográfica mais avançado do mundo, o OceanXplorer, e com cientistas e alunos cabo-verdianos ultrapassamos novas fronteiras do conhecimento com vista à ação climática. Como referiu Elizandro Rodrigues, técnico do IMar: “Ao atingir os 500 metros de profundidade, cada movimento nos conecta mais profundamente com o oceano, fazendo-nos perceber que estamos no epicentro de um laboratório natural imenso, onde o fluxo de descobertas possui o poder de reescrever a nossa compreensão sobre os ecossistemas marinhos e as suas interações com o equilíbrio planetário. Esta experiência, única e transformadora, oferece-nos uma janela rara para a biodiversidade profunda e seu impacto vital no futuro do nosso planeta.”

Autoria

Inês Mourão, Coordenadora do Programa Ação Climática Agora

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