Newsletter 4 | Agosto 2024 | Raquel Moreira

Ó que é a Academia InfantoJuvenil para a Ação Climática?

Em meados de novembro de 2023, na cidade da Praia, transcorria a sessão extraordinária do Parlamento Infantojuvenil, em concomitância com a ação climática, congregando jovens de todas as ilhas de Cabo Verde.

Mas por que uma sessão extraordinária? Pelo simples fato de que 2023 foi o ano mais abrasador já registrado, com a temperatura média global ascendendo dois graus Celsius. Para muitos, tal incremento pode parecer ínfimo, mas tem implicações colossais, incluindo vastos incêndios florestais, ondas de calor extremas, recordes de temperatura, extensas áreas de aquecimento marinho e acentuada irregularidade nas precipitações.

Sob essas circunstâncias, Cabo Verde sofria as agruras das mudanças climáticas, apesar de sua ínfima contribuição para o fenômeno global. Assim, emergiu a necessidade de uma sessão extraordinária do Parlamento Infantojuvenil para a Ação Climática, com o intuito de enfrentar as urgências das ilhas cabo-verdianas. Durante cinco dias de laboriosas deliberações, buscou-se formular estratégias para mitigar os impactos climáticos que assolam o arquipélago.

Concluídas as atividades, restou aos deputados retornar às suas localidades e aguardar ações concretas por parte do governo, do Ministério da Agricultura e Ambiente e da iniciativa Ação Climática Agora.

No final de 2023, já havia rumores sobre a criação de uma Academia Infantojuvenil para a Ação Climática. Os preparativos começaram logo depois. No dia 16 de maio, foi enviado o e-mail com o convite para a reunião, que ocorreu no dia 27 de maio. No dia 21 de julho, todos os parlamentares já se encontravam na ilha de Santiago (exceto os de São Nicolau, devido à complexidade do transporte), rumando à ilha do Maio, onde seria a sede para prosseguir os trabalhos relacionados às ações climáticas, abordando temas como diplomacia climática, ciência do clima e outros.

Durante a travessia, avistamos um grupo de golfinhos. Não sei como os demais reagiram, mas para mim, foi um sinal auspicioso da resiliência da biosfera marinha, um indicativo de que ainda há esperança.

Mas o que é a Academia InfantoJuvenil para a Ação Climática?

A Academia InfantoJuvenil para a Ação Climática tem sido uma experiência extraordinária. Especificamente, trata-se de um programa educacional dirigido a crianças e jovens, com o objetivo de intensificar a ação e a conscientização sobre as mudanças climáticas.

A academia proporciona essencialmente:

– Educação climática: Elucida as causas e os impactos das mudanças climáticas, que são numerosos e significativos.

– Liderança eficaz: Desenvolve competências de liderança para que os participantes possam influenciar suas comunidades e o entorno.

– Habilidades práticas: Promove atividades que incentivam a sustentabilidade e a conservação do meio ambiente, como uma visita à Fundação Maio Biodiversidade.

– Engajamento comunitário: Incentiva os jovens a se engajarem em projetos locais de ação climática.

Na mesma sequência, pergunto: o que é o clima?

O clima pode ser entendido como o padrão de condições atmosféricas de uma determinada região ao longo de um período prolongado. Inclui elementos como temperatura, precipitação, umidade, vento e pressão atmosférica. Refere-se às tendências de longo prazo. Existem diversos tipos de climas, como tropical, árido, temperado, polar, entre outros.

Não devemos olvidar a ciência, que é o estudo sistemático do mundo natural e dos fenómenos nele contidos, através da experimentação e análise. É um processo contínuo de descoberta que busca explicar o funcionamento do universo, formulando hipóteses, testando-as e desenvolvendo teorias e leis baseadas em evidências.

A mudança climática (tema central desta academia) pode ser compreendida como as transformações de longo prazo nos padrões climáticos e de temperatura.

Durante a academia, contamos com a presença de três líderes jovens climáticos: Ilda, de Moçambique; Veronica, de Angola; e Joel, de São Tomé e Príncipe. Aproveitamos a oportunidade para ter uma conversa frutífera com Veronica, abordando temas como as perspectivas para o financiamento climático.

Perspectivas para o financiamento climático

As perspectivas para o financiamento climático são variadas, mas há sinais de progresso. A principal fonte de financiamento advém de compromissos dos países desenvolvidos para apoiar os países em desenvolvimento na adaptação e mitigação das mudanças climáticas. A meta de mobilizar US$ 100 bilhões anuais até 2020 foi significativa, mas ainda não totalmente alcançada. Contudo, a crescente conscientização sobre a crise climática está impulsionando mais investimentos em energia renovável, tecnologias limpas e iniciativas de sustentabilidade.

Novos mecanismos de financiamento incluem:

– Green Climate Fund (GCF): Criado para apoiar projetos de mitigação e adaptação em países em desenvolvimento.

– Investimentos privados: Há um aumento na mobilização de capital privado para projetos de energia limpa e sustentabilidade.

– Inovações financeiras: Como green bonds, carbon pricing e fundos de investimento sustentáveis.

Os desafios incluem garantir a transparência, a eficiência na alocação dos recursos e a realocação de subsídios de combustíveis fósseis para energias renováveis.

Lições dos Acordos Anteriores como o Acordo de Paris

O Acordo de Paris oferece várias lições importantes:

– Compromissos Nacionais: A abordagem das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) permite que os países adaptem seus compromissos às suas realidades, mas também destaca a necessidade de revisão periódica e aumento da ambição.

Após essa conversa, chegamos ao dia final, onde todos apresentaram seus projetos. E eu, Raquel Moreira, posso garantir: foi um sucesso em todos os sentidos. Tiago, com seu poema, e Laura, com sua voz incrível, encerraram a AcIJ. Assim, todos retornaram à ilha de Santiago, levando consigo conhecimento, boas lembranças e amizades duradouras. E assim se encerra a 1ª edição da AcIJ.

Autoria

Raquel Moreira,
Ilha da Boa Vista e aluna da AcIj

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