Newsletter 2 | Maio 2024 | Inês Mourão

Impactes presentes e futuros das mudanças climáticas no mar e zonas costeiras

De acordo com o Sumário para Decisores (SPM) do Relatório Especial do Painel Intergovernamental das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas1 (IPCC) “O Oceano e a Criosfera num Clima em Mudança” (IPCC, 2019) o oceano cobre 71% da superfície terrestre, contém cerca de 97% da água do planeta e comunidades humanas costeiras e os pequenos estados insulares em desenvolvimento (SIDS) são particularmente expostas às mudanças no oceano, subida do nível do mar, inundações por tempestades costeiras.  

Em Cabo Verde, cerca de 80% da população vive junto da costa2 e mais de 85% depende de água dessalinizada para beber. Para além disto, o oceano desempenha vários papéis no sistema climático, como a captação e redistribuição de dióxido de carbono (CO2) e calor, apoio a ecossistemas, disponibilização de alimento a pessoas e animais, água, energia e oxigénio, benefícios para o bem-estar, com pertinência para o turismo, calores culturais, comércio e transporte.  

Assim, o estado do oceano interage com todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, incluindo o 13.º relacionado com a Ação Climática.  

Atualmente, o mar já sente os impactos das mudanças climática, nomeadamente a subida da temperatura à superfície e na coluna de água e a consequente alteração de correntes marinhas, a acidificação do oceano, a subida do nível médio do mar, a alteração da salinidade, a redução das concentrações e outros aliam-se ao que são já pressões negativas neste ecossistema que é o garante de sustento de muitos de nós, a fonte da água que bebemos e o alicerce da cultura cabo-verdiana.  

Para desvendarmos o que o futuro nos reserva, o IPCC usa cenários para projetar o clima futuro com base em trajetórias representativas de concentração (RCPs) de emissão de gases com efeito de estufa (GEE) e aerossóis e gases quimicamente ativos como como o uso do solo.  

Fonte: IPCC, 2019

 

Com base nestas RCPs e na figura seguinte, podemos verificar que o futuro dos oceanos está grandemente dependente dos nossos padrões de consumo as emissões de GEE associadas, com um futuro que pdose ser mais ou menos semelhante ao que temos hoje em dia (RCP2.6), a azul, ou um desfecho muito triste para nós, a nossa história e para os outros seres que nos acompanham (RCP8.5), a salmão. 

Fonte: IPCC, 2019

Estas alterações no mar, refletem-se em imapctos e riscos para os ecossistemas e são sistematizados de seguida. 

Para fazer face a estes fenómenos o IPCC no mesmo relatório identifica um conjunto de condições facilitadoras que dependem de reduções urgentes nas emissões de GEE juntamente com ações de adaptação sustentdas, coordenadas e cada vez mais ambiciosas, com a intensificação da cooperação entre entidades governamentais a escalas espaciais e temporais de planeamento a par do aumento da literacia climática através da educação e sensibilização e produção e partilha de conhecimento. A monitorização, previsão e a aprendizagem, a resposta às vulnerabilidades sociais e a equidade refletidas em investimento que permita a capacitação e participação na adaptação e negociação são também essenciais para a construção de resiliência a longo-prazo. 

Autora

Inês Mourão,
Coordenadora do Programa Ação Climática (acaoclimaticaagora@gmail.com)

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