Newsletter 2 | Maio 2024 | Marlon Baptista

Fazer agora para que tenhamos o amanhã 

“Até quando continuaremos?” É possível? É, nada é impossível, se nos ajudarmos, unirmos, se trabalharmos juntos, garanto-lhe que é possível.

Já é um fato Cabo Verde é um país dependente do mar, localizado dentro de um vasto oceano: o Oceano Atlântico. Fomos agraciados com um rico mar, cheio de vida, bonito e a casa de espécies maravilhosas e únicas. O Oceano compõe 71% do planeta e fornece muitos serviços à sociedade humana. O mar é a nossa casa e de tantas outros seres e como tal não tenho palavras para descrever a sua importância para a humanidade. No seu berço desenvolveu as mais diversas civilizações que o usaram como meio de comunicação e ligação entre elas. É inestimável a importância do mar para o desenvolvimento da nossa civilização. Mas será que temos devolvido essa importância? 

O mar atualmente é a casa onde vão parar toneladas de lixo anualmente. Todos os anos aproximadamente 13 milhões de toneladas de lixo e outros produtos são despejados no mar. O Oceano Pacífico é sem dúvida o maior exemplo dessa poluição, abrigando atualmente a “Grande ilha de lixo”, que é uma grande concentração de resíduos que vai da Califórnia até o Havaí, sendo do triplo do tamanho de França. Nela flutuam atualmente 1,8 triliões de pedaços de plásticos, restos de materiais de garrafas, produtos tóxicos entre outros que matam milhares de animais todos os anos. Além disso, a maioria das praias mais poluídas do mundo estão localizadas entre o oceano Pacífico e Índico, com praias de países localizados entre esses dois oceanos estando totalmente contaminadas pelo lixo produzido por nós e que vem diretamente de todas as grandes cidades do mundo.  

Embora Cabo Verde não seja um grande poluidor do mar, é um país que frequentemente se depara com lixos que poluem as nossas praias e que veem de diversas partes do mundo, principalmente do Caribe e do Atlântico Sul. Sem realçar a poluição que o petróleo traz com ela na sua exploração e no seu mau uso, não bastasse ser um recurso não renovável que vai acabar ao longo do tempo, entretanto vai levar espécies inteiras à sua extinção. O nosso país tem grandes e lindas praias procuradas por miliares de turistas. O turismo é principal atividade económica do país, gerando milhões de escudos, mas são esses turistas que poluem maioritariamente as nossas praias.     

Com a grande poluição e intoxicação do mar que já existe e as tendências que apontam que não vai parar, os desafios parecem imensos, principalmente num país onde a sociedade e a mente ainda estão atrasadas e a falta de perspetiva tem atrasado o nosso desenvolvimento como uma sociedade, devemos nos preparar para o que vem a nossa direção. Se não pararmos para repensar sobre as nossas ações, tempos bons não aguardam a nossa geração e muito menos as futuras. As ações que tomamos agora têm um grande impacto no futuro.  

O planeta em que vivemos é limitado, e os recursos naturais que usamos são finitos. É importante pensar nas gerações futuras e agir agora para garantir que eles também tenham um futuro sustentável, e que tenham a possibilidade de respirar o mesmo ar que nós respiramos. A adoção de práticas sustentáveis e a redução das emissões de carbono são questões urgentes que precisam ser enfrentadas agora. Não podemos mais esperar para tomar medidas. A cada dia que passa, o impacto do aquecimento global e das mudanças repentinas que o nosso planeta sofreu nos últimos dois séculos depois da revolução industrial tornam-se mais evidentes e os seus efeitos são sentidos em todo o mundo, seja através de desastres naturais, do aumento do nível do mar ou de mudanças climáticas extremas. As próximas gerações dependem das ações que tomarmos agora. 

O oceano/mar tem sem dúvida tem papel ecológico, económico, político e sociocultural. Ele é responsável por regular o clima, gerar rendimento, manter a segurança nacional e o bom funcionamento do planeta, além de ser fonte de alimento, de recursos minerais e de medicamentos. Existe uma relação de interdependência entre nós e o oceano, uma vez que dependemos dele para nossa sobrevivência, e temos um papel importante na sua preservação. Como disse a oceanógrafa americana Sylvia Earle – referência mundial na proteção do oceano e da vida marinha – “sem azul, não há verde”. Dessa forma, conhecer e conservar o oceano significa melhorar nossa qualidade de vida, bem como o futuro da sociedade. 

Para que haja mudanças temos de começar com pequenas atitudes, como: investir em produtos sustentáveis, reciclar o lixo, participar e apoiar projetos que visam a proteção do oceano, manter-se informado e partilhar conhecimento, consumir conscientemente o pescado, reduzir as emissões de carbono (utilizando energias sustentáveis e meios de transporte limpos), entre outras. É nossa responsabilidade conservar o mar, pois a sua situação atual foi originada das nossas ações e pura ganância. Para tornar o mar mais saudável, seguro e produtivo necessitamos de um esforço global, o qual envolve criação de leis e políticas sustentáveis, mudança nos currículos escolares e maior divulgação a respeito dos problemas ambientais marinhos e seus impactos na sociedade. 

 “A poluição coloca em risco o funcionamento e a saúde do mar. A poluição efetuada pelo homem destrói o nosso único lar e acaba com um dos nossos pilares para a sobrevivência, pois dependemos fortemente e centralmente do mar”

Eu peço para si leitor, que nos ajude a proteger a nossa casa. Um pequeno ato, talvez pareça insignificante no meio de 8 mil milhões de pessoas, mas como já disse se nos unirmos podemos mudar esse triste destino que a nossa civilização tem levado tanto a nós próprios como ao nosso planeta. Faça essa mensagem atravessar fronteiras e faz dela um instrumento de atitude para com a nossa sociedade. Termino realçando a que o nosso planeta retribui cada ato que nós fazemos, então faça o bem para que recebamos o bem.

Autor

Marlon Baptista
Estudante, Vice-presidente e Deputado do Parlamento InfantoJuvenil

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